Um bom exemplo de responsabilidade socioambiental é o trabalho desenvolvido no Condomínio Conjunto Nacional, prédio localizado no coração da Avenida Paulista, que desde 1984 já colocava em pauta a idéia de coleta seletiva.
Quatro anos passados, com as obras de recuperação do Conjunto Nacional em andamento, houve um crescimento notável na comercialização das áreas, o que resultou no aumento substancial da quantidade de lixo a ser retirado diariamente.
A movimentação do lixo se tornou grande problema para os condôminos e visitantes, porque todos os resíduos gerados eram amontoados no subsolo. Como o elevador do edifício não desce até o local, no final de tarde, os containers eram transportados até o térreo e depois até a rua pelo meio da galeria do Conjunto Nacional, provocando longas filas em frente dos elevadores, além de criar uma situação desagradável para quem circulava pelos edifícios e, principalmente, para o público dos cinemas e restaurantes.
O Conjunto Nacional é formado por 700 condôminos, sendo 2 prédios comerciais, 1 prédio residencial, 5 restaurantes, 1 cinema, 30 lojas, além de uma academia. O fluxo diário de pessoas que circulam pelo condomínio chega a 30 mil e gera todos os dias cerca de quatro toneladas de resíduos. Se resolvesse depositar os detritos em plena via pública, construiria uma pirâmide de sacos plásticos com aproximadamente 4 metros de base e 2,5 metros de altura, diariamente.
Procurando evitar essa verdadeira agressão ambiental e evoluir no sistema de coleta, tornava-se necessário racionalizar a gestão de resíduos, e a primeira iniciativa foi contratar a Cooperativa de Arte Alternativa e Coleta Seletiva, em 2005, que se dispôs a retirá-los diretamente no subsolo, evitando assim o "passeio" nada agradável dos containers pelo condomínio.
A iniciativa de sucesso coleta a cada mês cerca de 17 toneladas de papel, plástico, vidro e alumínio. Desse total são reciclados 17% do volume coletado, acima da média das empresas que reciclam no Brasil, que é de 10%. O programa se tornou um posto de entrega voluntária para vários edifícios localizados na região, e é modelo na cidade de São Paulo.
Todos os resíduos produzidos no edifício são diariamente recolhidos por 18 coletores que são divididos em três turnos: manhã, tarde e noite e conta com 26 lixeiras nas calçadas que circundam o condomínio.
De acordo com Marcelo Miranda, coletor da Cooperativa, o número de resíduos por dia chega a quase 7 toneladas no final do ano. "Quando chega os meses de novembro e dezembro, o volume de lixo que recolhemos, chega a quase 7 toneladas por dia. Creio que esse aumento seja por causa das comemorações e compras de fim de ano", afirma Miranda.
Os coletores trabalham 8 horas por dia de segunda a sábado com escala aos domingos e recebem pouco mais de um salário mínimo pelo serviço prestado. O Conjunto Nacional efetua o pagamento para a Cooperativa que fica responsável por repassar a quantia aos coletores envolvidos nessa tarefa.
CENTRAL DE COLETA
Todos os resíduos são encaminhados para a central de coleta, localizada no 2º subsolo. Os recicláveis são armazenados em baias separadas. O lixo ambulatorial e as lâmpadas fluorescentes são acondicionados separadamente, em recipientes fechados. O papelão, plástico e alumínio são compactados por uma prensa e embalado em fardos. A caçamba compactadora, que comporta 1,8 mil quilos, é responsável pelo lixo orgânico (não reciclável). É a substituição do lixo caótico e volumoso pelo organizado e compacto.
O edifício dispõe de uma máquina fragmentadora de papéis. Se o estabelecimento tiver documentos com informações confidenciais, um funcionário do local interessado poderá acompanhar, no 2º subsolo, a destruição dos mesmos.
Todo o lixo e o reciclável são pesados na central de coleta, e retirados por empresas contratadas. Os caminhões têm acesso direto ao local: tudo foi planejado para assegurar funcionalidade e limpeza permanente, evitando até sujeira nas calçadas.
NÚMEROS RELEVANTES PARA O MEIO AMBIENTE
O programa evitou que uma pirâmide de 2.320.346 quilos de recicláveis, equivalente a sete vezes a altura do condomínio, fosse para os aterros sanitários. O Conjunto Nacional enviou para a reciclagem mais de 2.168.924 latas de alumínio, que corresponde a uma economia de energia suficiente para manter uma TV ligada por aproximadamente 6 milhões de horas.
Enfileiradas, as 2.168.924 latas recicladas no edifício correspondem a uma distância de São Paulo a Campinas. O edifício já enviou para a reciclagem cerca de 32 toneladas de alumínio, preservando 160 toneladas de minério da bauxita.
Na fabricação de uma tonelada de papel reciclado são necessários apenas 2 mil litros de água, ao passo que, no processo tradicional, este volume pode chegar a 100 mil litros por tonelada.
O edifício já separou toneladas de papéis suficientes para economizar aproximadamente 20 milhões de litros de água. Para se fabricar uma tonelada de papel são abatidas 20 árvores. O programa evitou a destruição de 41.700 árvores, equivalente à preservação de uma área que corresponde a 36 vezes o tamanho do Parque Trianon.
O programa já reciclou 76 mil quilos de plástico, que corresponde a uma economia de 9.880 quilos de petróleo. Mais de 119 mil quilos de vidro foram reciclados, economizando a extração de aproximadamente 154.700 quilos de minérios, como areia e calcário.
COOPERATIVA DE ARTE ALTERNATIVA E COLETA SELETIVA
A Cooperaacs surgiu em 2004 com objetivo de unir e capacitar pessoas a fim de gerar trabalho e renda para os cooperados. Desenvolver trabalhos de arte alternativa utilizando materiais descartados e oferecer programas de coleta seletiva. Oferecer ao mercado produtos e serviços de qualidade dirigidos a consumidores que reconhecem o trabalho como ação legítima de responsabilidade social.
A Cooperativa também organiza mais de 100 oficinas, além de ministrar palestras para escolas, edifícios, grupos e associações interessadas em coleta seletiva, arte alternativa.